Olá, querido professor!

Quando cheguei na universidade em meu primeiro dia (apenas alguns meses atrás, vê se pode), não tinha ideia de quais disciplinas seriam aplicadas, e digamos que ao olhar a ementa eu tenha desanimado um pouco; passei os olhos pelas cadeiras procurando aquela em que me mandariam ler literatura, e então avistei Seminários de Leitura, como em neon piscante. Eletiva? A cadeira mais interessante, a mais chamativa, aquela essencial... Onde eu finalmente poderia ler literatura, e sobre literatura.
Querido Hélio, sua disciplina foi um balde de cultura e aprendizado no qual mergulhei feliz, sem medo de bater a cabeça lá no fundo, pois não tinha fim. Signos, gêneros, mediação... E tudo sendo dado por uma pessoa tão alegre, tão humilde e interessada. Tão Pajeú! 
Eu espero ainda lhe ter como professor daqui um tempo, mesmo que em outras cadeiras não tão legais como essa é. Queria Seminários de Leitura todo ano. É pedir muito? 
E vou lhe confessar, escrever esse diário não foi a coisa mais legal do mundo não! Nunca lembrava de anotar nada e, o que anotei, era um garrancho sem fim. Consultei minha memória e ela quase falha, mas funcionou.
Vou lembrar com carinho de todas as aulas que assisti, até as em que eu estava no mundo da lua, ou no hall do cac... 
Agradeço de coração por todo o carinho e amor sendo entregues junto às atividades e textos para leitura, e também pelas indicações literárias e por ter me aceito no facebook, me brindando assim com fotos e mais fotos de vinho, taças de vinho pela metade e garrafas de vinho.    <3
Mil beijos,
Gaby. 

Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.
Cecília Meireles


Mas o tempo passou,
passou, passou,
e a cantiga calou,
calou, calou...
e o menino foi crescendo,
crescendo, cresceu, cresceu,
mas aquela voz ficou.
ficou, ficou...

Infelizmente mais uma aula perdida. Porém meus amigos me disseram que foi pura emoção. Muitas lágrimas, muito amor, muita saudade... Queria ter participado.

"Eu acredito que minha profissão seja de plantador de esperança. Eu acredito nisso. É por isso que eu escrevo. É por isso que eu vivo."



Essa foi uma das melhores aulas que  tive o prazer de participar! A leitura dramática do texto Xandú Quaresma foi maravilhosa! Os alunos todos entretidos, animados... eu não participei da leitura, mas fui quem mais riu, e o professor foi ótimo como o querido Xandú. Nasceu pra isso o menino Hélio. 

Lutemos por esse dia
Mesmo que nos custe a vida.
Gansos, vacas e cavalos,
Todos unidos na lida.

Bichos da Inglaterra e da Irlanda,
Daqui, dali, de acolá,
Levai esta minha mensagem
E o futuro sorrirá.



Ultimo dia desse diário de bordo... Fizemos uma atividade sensacional sobre A Revolução dos Bichos, uma leitura que fiz 3 dias antes. Leitura essa que me rendeu uma noite insone pensando nas crueldades que fazemos com os animais. Mas tão boa uma picanha! 


Vamos fazer um poema 
ou qualquer outra besteira. 
Fitar por exemplo uma estrela 
por muito tempo, muito tempo 
e dar um suspiro fundo 
ou qualquer outra besteira. 

Faltei. Ando com a saúde debilitada.

Aos que a felicidade 
É sol, virá a noite. 
Mas ao que nada espera 
Tudo que vem é grato.

Mais um dia sem assistir aula...

Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro!

Dessa vez eu finalmente pude assistir aula! Dia de ler os textos que escrevemos para o nosso aguardado livro... quase morro de ansiedade em casa mesmo. Mas, o que me deixou surpresa, consegui ler meu poema para toda a turma! Minha voz tremida, meu corpo transpirando... mas falei bonito :P

"E eu continuava assistindo à erosão da minha vida, sem que pudesse fazer nada. Muitos menos compreender Isabel. 

Até que um dia resolvi imitá-la."



Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face?

Neste dia meu grupo transforma uma piada em nota de jornal. Foi um dia diferente, animado, todo mundo participando e morrendo de vergonha. Tiveram textos muito bons, inclusive o da colega Fabi. É só o que me lembro; não anotei...

Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do oitavo andar...
Em vez disso eu dei meia volta e comi uma torta inteira de amora no jantar...

Hoje foi um dia ótimo, MUITO engraçado, com vários vídeos legais mudando o gênero. Meu grupo fez de uma música de Clarice Falcão uma conversa de um casal dramático. Não é por nada não, mas nosso trabalho ficou ótimo! E ainda teve beijinho no final. Como não amar?!

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

Não lembro de muito sobre esse dia, e minhas anotações são vagas. Tivemos convidadas especiais no auditório, falando sobre mediação de leitura. E também  teve Kamylla cantando! Ah, e foi nesse dia que descobri que aqui em Ipojuca tem uma biblioteca lindíssima, graças à foto de Daiane. 

Faze-te sem limites no tempo.


Fique na sua cidade
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um ispeio,
Já lhe dei grande conseio
Que você deve toma.
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá que eu canto cá.

Hoje foi dia de filminho, e um que nunca tinha visto:  Os Narradores de Javé. Filme nacional muito interessante sobre o poder da palavra, do letramento. O áudio estava nas alturas, e meus ouvidos quase não aguentam (brincadeira). Um bom filme, mas pouco me tocou. Foi um dia estranho... não prestei muito atenção no restante da aula.

Meus versos é como semente
Que nasce arriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte 
Das obras da criação

Dia de ler um texto sobre as diferentes formas de ler... Queria poder dizer que consegui entender todo o texto e toda a aula, mas quando chegar em casa irei revisar tudo. Sempre tive isso de não conseguir prestar atenção direito na sala de aula e ter que revisar tudo em casa. Mas o professor fez boas reflexões, novos pontos de vista... apesar de um ou outro colega tentando chamar atenção em demasia, foi legal (brincadeira, ou não).

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Eu provavelmente faltei nesse dia. Não tenho anotações.


Mas invento palavras 
Que traduzem a ternura mais funda 
E mais cotidiana. 

Cheguei à universidade ansiosa e empolgada para conhecer melhor o professor que irá aplicar a única disciplina que me chamou atenção em nossa grade. Leitora que sou, não tinha como ter sido diferente. A ansiedade já é uma velha companheira... Quando enfim cheguei na sala, descobri que o professor não pôde comparecer. Mas a visita à biblioteca do CAC com a monitora Daiane foi muito interessante e aprendemos bastante por lá. 
E se me achar esquisita,
respeite também.
até eu fui obrigada a me respeitar.


O professor enfim dá as caras (brincadeira). Hélio se mostra um professor animado e interessado,  evidentemente apaixonada pelo que faz. Explicou para a turma como funcionaria sua cadeira, e de quebra conquistou a todos. 

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.


Signos! Signos! Quem diria que essa palavra envolve tantas outras coisas, além dos queridos astros e do famigerado mapa astral. Signo, significante, significado. Pajeú nos deixa soterrados em tanta informação nova. Preciso dar restart no meu cérebro algumas vezes para conseguir acompanhar tudo. Foi um dia interessante.